As estepes cerealíferas são habitats que resultaram da intervenção humana directa ao longo de séculos e, como tal, a sua existência depende da manutenção das práticas agrícolas tradicionais. A agricultura no Baixo Alentejo baseava-se até há pouco tempo no cultivo extensivo de cereais (como o trigo, aveia e cevada) intercalados nos anos com parcelas de pousio muitas vezes utilizados como pastos.
Nos últimos anos, muitas mudanças têm surgido na paisagem rural do Baixo Alentejo, em grande parte pela existência de regadios que permitem uma exploração mais intensiva e com outro tipo de culturas agrícolas. Muitas áreas, onde outrora se faziam cultivos de sequeiro, estão agora ocupadas com olivais intensivos, vinhas ou com culturas anuais de regadio. Estas alterações são a principal causa de desaparecimento do habitat das aves estepárias, que dependem do mosaico criado pela rotação das culturas arvenses de sequeiro (searas de trigo, aveia e cevada) com as pastagens (pousios).
A protecção do habitat na componente agrícola não é efectuada com medidas de gestão directas implementadas através do projecto LIFE Estepárias. Esta vertente é assegurada pela existência de Medidas Agro-Ambientais disponíveis para os agricultores se candidatarem voluntariamente no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (ProDeR) da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia.
Estas Medidas Agro-Ambientais estão actualmente disponíveis para as quatro ZPE do projecto LIFE Estepárias através da Intervenção Territorial Integrada (ITI) de Castro Verde, que sucede ao anterior Plano Zonal em vigor desde 1995, e a ITI das Zonas de Rede Natura do Alentejo que inclui a ZPE de Piçarras, Vale do Guadiana e Mourão/Moura/Barrancos. Nestas ITI, a Medida Agro-Ambiental “ Rotação Cereal-Pousio” inclui as principais regras de gestão agrícola que são compatíveis com a conservação do habitat estepário, nomeadamente a proporção de pousios (superior a 50%), a restrição de trabalhos no período de nidificação e a sementeira de culturas específicas para as aves estepárias, entre outras.
Em termos de protecção do habitat, o projecto LIFE Estepárias tem uma importante medida de gestão que é a aquisição de terrenos prioritários para a conservação da Abetarda, Sisão e Peneireiro-das-torres. Assim, foram adquiridos 168ha de terrenos na ZPE de Castro Verde, numa área de parada nupcial e ocorrência regular de Abetarda e também importante para Sisão e Peneireiro-das-torres. Esta nova propriedade vai integrar a rede de Reservas da Biodiversidade da LPN em Castro Verde, perfazendo um total de 6 herdades com 1812ha, que estão afectos em exclusivo à conservação da natureza e destas espécies ameaçadas.
No seguimento de acções de protecção do habitat, foram ainda removidos, em duas propriedades, 1600m de vedações potencialmente perigosas, consideradas como barreiras em zonas sensíveis (a problemática das vedações é descrita neste
separador).
A construção de 2 torres de nidificação para Peneireiro-das-torres, uma na herdade adquirida no âmbito do projecto e outra em Safara – Moura, permitiu melhorar e aumentar o habitat de nidificação desta ave, disponibilizando 160 novos locais de nidificação.
Poderá aceder a mais informações relativas às medidas de protecção de habitat
AQUI. (apresentação powerpoint Rita Alcazar - LPN)